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Amor próprio, liberdade e vitimização.


Nas últimas semanas andei bem desatenta, distraída, automática. E como o timing do universo é perfeito - logo começaram a chegar as lições. Primeiro, andando de chinelo e meia no jardim escorreguei e virei o pé - o que me trouxe uma baita dor no joelho. Alguns dias depois, dirigindo, cai num super buraco. Nisso, o volante deu um tranco - e como eu estava guiando momentaneamente com uma mão só (a outra estava procurando meu cabo auxiliar no painel) lá se foi meu ombro direito - mais uma lesão. Rapidamente, pensamentos como "lei de Murphy", "isso só acontece comigo" e "não devia ter saído de casa hoje" tomaram conta de mim. Com duas dores muito fortes, comecei a analisar a investigar as circunstâncias de tamanha má sorte. "Ah, tá explicado: semana de lua cheia - realmente costumamos ficar mais agitados, expansivos e menos cuidadosos, isso aumenta a chance de se machucar - em algumas linhas de yoga mais vigorosas, nem se pratica nesses dias". "Ah sim, e é inverno, claro, as articulações perdem lubrificação, os músculos estão mais tensionados pelo frio e tudo mais". E por aí foi a minha mente, rodeando e encontrando causas fora de mim para justificar os últimos acontecimentos. Não terminou por aí. Ainda me afundei mais um pouco. Com medo de piorar as dores, aumentei o espaço entre as práticas. Parei de fazer algumas tarefas da casa porque eram "muito pesadas" e quando vi, em 5 dias, assumi completamente o papel de vítima contundida pobre coitada. Que loucura. Na outra manhã, despertei e - antes que eu pudesse inventar qualquer mecanismo racional de auto-piedade, fui praticar. Uma prática leve e curta. Mas uma das mais profundas dos últimos tempos. Eu estava totalmente presente - conectada com a minha respiração, sensações e emoções. Testando a cada postura o que era possível fazer e entendendo quais eram os meus limites e possibilidades daquele momento. Ao fim, relaxei profundamente a ponto de esquecer onde estava e na meditação chorei igual a uma criança - fui tomada por uma gratidão profunda por essa sabedoria divina do yoga e pela oportunidade de olhar para dentro com honestidade e verdade que vem com ela.

Pude perceber que a única pessoa que eu estava prejudicando com toda essa história de procrastinação e desleixo era a mim mesma.

Se a casa está uma bagunça, é a praticidade e harmonia do nosso ambiente interno que vão sofrer as consequências.

Se comemos mal quando estamos sozinho, mas de forma saudável quando estamos com alguém que possa nos "julgar", é apenas o nosso organismo e consciência que vão digerir mal essa encenação.

Quando nos negligenciamos: comprometendo nosso sono, nossa paz, nossos princípios; por quaisquer motivos que sejam; adivinha quem é o únicx a sair perdendo?

Não estou dizendo que precisamos ser perfeito, longe disso. Ciclos como esses vem e vão, acontecendo justamente para nos trazer algum aprendizado sobre a nossa vulnerabilidade e os aspectos que precisamos trabalhar, e não para que nos afundemos de vez.

Somos a causa e a solução de todos os nosso problemas e compreender isso é tornar-se, ao mesmo tempo, responsável e totalmente livre.

Namastê,


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