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Sobre SENT(IR).

Medo, Luz, Sombras e Estrelas em nós.


Ontem à noite fui ao quintal observar estrelas. Queria mapear algumas constelações e planetas. Dentro de casa muita luz artificial e, na tela do computador, uma imagem com todas as coordenadas e instruções detalhadas mostrando os desenhos que eu encontraria lá fora.


Saí destemida - e surpresa: a realidade era uma escuridão danada, medo, muito silêncio e, no céu, eu não podia ver nada. Decepção.


Bom, a pretensão sobre o mapeamento espacial foi se dissolvendo, e resolvi desfrutar somente o estar ali, sozinha, sem conseguir enxergar nada mesmo.


Deitei no gramado. Aos poucos os sons naturais foram parecendo mais familiares e o escuro da noite foi mudando para um azul marinho que, na verdade, era quente e me envolvia. Conforme eu abraçava essa escuridão e esse não saber fui me sentindo cada vez mais confortável.


Os olhos começaram a se acostumar às sombras e algumas estrelas bem brilhantes começaram a se revelar. Depois, mais algumas de brilho muito sutil. Me sentia como um bicho, as pupilas dilatando e se adaptando às novas condições. De repente encontrei Antares e, com ela, toda a constelação de Escorpião. Um pouco mais abaixo, Saturno! E bem pertinho dali o início da constelação de Libra, que mais parecia uma pipa voando no céu! Aos poucos passei a enxergar nuances e nuvens – ou seria um pedacinho de galáxia?

E as estrelas começaram a se conectar como num jogo de ligar os pontos.


Me senti bem, me senti agraciada. Como quem recebe um grande presente, uma revelação, um abraço.


A vida tem sido assim comigo, um jogo de escolhas entre uma sala iluminada com coordenadas preestabelecidas ou um passo no escuro na direção da entrega. Tenho medo – muito, mas toda vez que não deixo ele me paralisar e me permito permanecer nesse estado de suspensão, recebo presentes de uma ordem que eu nem sei dizer.



Um presente dessa luz natural das estrelas. Elas sempre estiveram ali, interligadas, desde os meus ancestrais, bem sobre a minha cabeça. Mas somente quando escolhi ficar no escuro e renunciar as luzes artificiais da minha vida é que elas começaram a revelar seus caminhos no céu. E que bênção é seguir essa rota/coração.

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